O Guedes descobriu a arte contemporânea! Foi assim mesmo, neste tom de jogador de futebol, que começava o mail dele lado a lado com esta fotografia :
Pensei logo: Casa da Cerca de Almada, exposição Viagem! Dizia ele que foi a namorada (Seria Cláudia? Cátia? Preferi não arriscar) que o incentivou a arriscar este passeio.
Se nos colocarmos na pele do Guedes foi mesmo um risco. O resultado foi um pouco como a descoberta do Brasil para o Pedro Álvares Cabral : um conservador que pouco conhecia além de Da Vinci, estava seduzido pela arte feita muito depois do nascimento da avó, tanto que até arriscou ir até uma “terra comunista” , perdendo o medo de encontrar o diabo a fazer coisas feias com criancinhas.
No resto do mail apareciam palavras que pareciam vindas de um especialista primo afastado de um crítico de arte do jornal de Letras: ” gostei especialmente do sarcasmo e a amargura da emigração nos sinais do Carlos No ou dos postais minuciosos do Pascal Ferreira”. Há uma ou outra peça que ele não entendeu bem, mas a Solange explicou a ideia.
O facto das peças estarem distribuídas das salas à cisterna, em vez de estarem ordenadinhas e bem comportadas em vitrinas deu-lhe ainda mais gozo à descoberta. E no jardim botânico ficou a conhecer as plantas e ervas de onde se extraíam as cores para a pintura, e encontrou um bom sítio para namorar também.
Mas o mais inesperado foi a vista para Lisboa, a melhor de todas, “parece que estamos a levitar sobre o rio Tejo”, dizia ele. Ainda por cima acompanhada por uma fatia de bolo de chocolate na cafetaria, o que, reforçava o Guedes que “até foi bom para ganhar massa muscular”. Mas, para um contabilista de sucesso como ele, o melhor mesmo foi conseguir isto sem ter de tirar a carteira do bolso.
Então e quando é que Leiria e arredores vai ter um museu de arte?
A resposta foi rápida:
“Assim que o rio Tejo desaguar no Liz” .